quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Entrevista com Beto Callage, presidente do 18º Festival de Publicidade

Ele já pensou em se dedicar à arquitetura e ao jornalismo, mas escolheu a publicidade como forma de potencializar o incentivo que teve dos pais para gostar de teatro, cinema, música e arte e “que de uma forma ou outra também são trabalhados dentro do processo criativo da publicidade”. Sócio-fundador da agência DCS, de Porto Alegre, Beto Callage foi escolhido para ser presidente do 18º Festival Mundial de Publicidade, que será realizado nos dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro de 2011. A seguir, a entrevista completa com o presidente do 18º Festival Mundial de Publicidade

No início de profissão, você trabalhou com o publicitário gaúcho José Montserrat Filho na agência Caio Domingues, no Rio de Janeiro. Quais referências dele você carrega até hoje na agência DCS, onde você é atualmente vice-presidente e diretor de criação? Foi nesta agência que tive meu grande aprendizado criativo, através dos ensinamentos que o Montserrat me passava. Muitas coisas mudaram na nossa atividade, mas tem outras que nunca vão mudar como achar a verdade do produto. Ele insistia muito nisso, através da frase: “todo produto tem uma grande história para contar”. Essa frase é uma das verdades do nosso trabalho, tanto que hoje oriento as pessoas que trabalham comigo a criarem achando a verdade do produto.


Você já ganhou diversos prêmios, como, por exemplo, o “Profissionais do Ano na Semana ARP da Comunicação 2007”. O prêmio foi conquistado com o colega Régis Montagna, da DCS, na categoria de melhor diretor de Criação. Dos prêmios conquistados, tem algum especial para você? Por quê? Tem um especial. Eu ganhei o prêmio profissionais do ano em 1987, pois havia dois anos da fundação da DCS. Naquele período, conquistamos o prêmio CLIO, que era o Óscar da Publicidade na época. Este marcou, pois mostramos o que queríamos para a DCS. A ideia era mostrar que estávamos conectados com o mundo. Tenho uma visão diferenciada sobre prêmios. Acho que há muito prêmios na propaganda, ela viveria bem sem alguns. Muitas vezes, a propaganda fica conhecida como atividade que visa à premiação e seus profissionais por pensarem, somente, em prêmios e não nos clientes.


Qual a principal diferença do seu trabalho no início da carreira até agora, quando possui anos de experiência? No início da minha carreira, realizei trabalhos bons, alguns nem tão bons assim, errei muito, mas tudo foi importante para que eu fosse acumulando expertises. Enfim, ter experiências para saber o momento certo de fazer as coisas. A formação de um criativo demora muito tempo, é um acúmulo de experiência, informação, disciplina, conhecimento e trabalho.


Como vê o mercado publicitário hoje? Quais os desafios? Poucas atividades mudaram tanto como a nossa. A internet chegou e mudou tudo de um modo avassalador. Quando comecei, tínhamos que dominar basicamente três ou quatro linguagens: televisão, rádio, mídia impressa (jornais e revistas) e mídia externa (outdoors). Hoje, além disso, temos que entender das novas plataformas de comunicação, como redes sociais e o relacionamento com o consumidor, entre outras.
Você foi escolhido em um consenso pela Associação Latino-americana de Publicidade (Alap), Associação Rio-grandense de Propaganda (ARP), Sindicato das Agências de Propaganda do Rio Grande do Sul (Sinapro/RS) e Associação Brasileira de Propaganda do Rio Grande do Sul (Abap RS) para ser presidente do 18º Festival Mundial de Publicidade. Presidir um dos três maiores eventos de publicidade significa o que para você? É uma honra, em primeiro lugar. Quando me convidaram, não queria ser apenas uma figura institucional do Festival. Ser presidente do evento é uma das formas de devolver para a publicidade tudo o que ela me deu. É uma oportunidade de contribuir com minha experiência para a crescente do mercado publicitário.

O tema do Festival este ano é “onde esta a ideia”. Para você “onde está a ideia”? Hoje discutimos muito as novas plataformas tecnológicas. Hoje as pessoas geram ideia através dos conteúdos colocados nessas plataformas tecnológicas. São conteúdos inovadores interessantes que acrescentam na tua vida.
Tem alguma dica para os estudantes de Publicidade que vão ingressar na carreira em breve? Minha dica é para que façam uma combinação daquilo que é gerado de novo, o conhecimento aprofundado das coisas, entendendo como se chegou até aqui. Conviver com o que está sendo produzido de novo com o que a humanidade já produziu.

Você sabe que esta entrevista sairá na coluna “Quem é o Cara?” do Jornal TRI. Você se acha “o cara”? Não me acho o cara. Gosto de me influenciar por todos “os caras” que foram, são e que vão ser. Gosto de mirar os outros e aprendo admirando os outros.

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